quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mãe loira.

Meu querido filho Frederico,
Escrevo devagar porque sei que voce não gosta de ler depressa.
Se receber esta carta é porque ela chegou.
Se ela não chegar, me avise que eu mando outra, tá?
O seu pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorre a 1 km de casa.
Por isso, nos mudamos para mais longe.
Sobre o casaco que voce queria, o seu tio disse que seria muito caro
mandar pelo correio por causa dos botões de ferro, que pesam muito.
Assim, arranquei os botões e os coloquei no bolso.
Quando chegar aí, pregue-os de novo.
Outro dia, explodiu o botijão de gás aqui da cozinha.
Seu pai e eu fomos atirados pelo ar e caimos fora de casa.
Que emoção! Foi a primeira vez em muitos anos que seu pai e eu saímos juntos.
Sua irmã Laura vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina.
Portanto, não sei se voce vai ser tio ou tia,
seu irmão Valclintone me deu muito trabalho.
Fechou o carro e deixou as chaves lá dentro.
Tive que ir em casa pegar a reserva pra abrir.
Por sorte, cheguei antes de começar a chuva,
pois a capota estava arriada.
Se vir a dona Rosinha, diga que mando lembranças.
Se não a vir, não diga nada.
Um beijo,
sua mãe.

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