Coach do Bem Estar, tripulante da MSC Cruzeiros, graduado em Comercio Exterior, Logística e Palestrante.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Pecém está ligado às principais economias
Cearense, ex-prefeito de Sobral e hoje ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos (SEP), o engenheiro Leônidas Cristino aponta o Porto do Pecém como um dos mais competitivos do Brasil e que vem aumentando significativamente sua área de influência em virtude do incremento de sua movimentação. A ligação forte com países do Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, que envolve Estados Unidos, México e Canadá), a União Europeia e a Ásia o colocam em posição privilegiada.
O Porto do Pecém está completando 10 anos. Como o senhor avalia a importância do terminal tanto para o Ceará quanto para a logística brasileira?
Trata-se de um terminal marítimo concebido para propiciar operações portuárias eficientes, tornando-o altamente competitivo com acessos rodoviários e ferroviários livres e independentes dos confinamentos provocados pelos centros urbanos. Quanto a infraestrutura marítima, o terminal foi projetado para permitir o acesso da grande maioria dos navios comerciais em operação, dispondo em suas instalações de atracação de profundidades compatíveis com os navios de última geração, tanto no que se refere aos navios graneleiros quanto aos navios de carga geral, incluindo-se navios porta-contêiner.
Como o porto se posiciona em questão de competitividade em relação aos demais portos nacionais?
Pecém é um porto moderno, com características diferentes dos demais portos públicos brasileiros. O Porto tem uma profundidade que não precisa de dragagem. Isso é uma vantagem muito grande do ponto de vista dos custos. Possui ainda custos operacionais baixos, quando comparados com a média do mercado brasileiro.
Segundo dados da SECEX (2010), observa-se que o Porto do Pecém possui grande influência comercial na movimentação de cargas dos municípios localizados na região Nordeste. Este é um porto recente, que vem apresentando crescimento em sua área de influência ao longo dos anos em virtude do aumento de sua movimentação. Seus principais concorrentes são os portos do Nordeste. Na movimentação de contêineres, os principais concorrentes são os portos de Mucuripe, Suape e Salvador. O Terminal também está sujeito à concorrência na movimentação de produtos siderúrgicos bem como de combustíveis e óleos minerais com outros portos do Brasil.
O Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) deverá ser lançado este mês, e prevê a necessidade de investimentos de cerca de R$ 300 bilhões em portos e logística e acessos para os próximos 20 anos. Existe uma expectativa de quanto desse montante deverá ser aplicado no Porto do Pecém?
O PNLP realizou estudos do complexo portuário nacional, levando em consideração aspectos de infraestrutura de acessos, demanda e capacidade portuária. Portanto, os investimentos visam otimização da logística portuária nacional como um todo.
O que o PNLP traz sobre o Porto do Pecém? O que é possível adiantar?
Em linhas gerais, os estudos demonstram que o NAFTA, a União Europeia e a Ásia são responsáveis por mais de 75% das mercadorias movimentadas no porto, mostrando que suas movimentações estão fortemente orientadas para esses grupos econômicos, que representam as principais economias do mundo.
Para os próximos anos, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) receberá uma refinaria, uma siderúrgica, a ZPE e vários outros empreendimentos que virão atraídos por estes projetos estruturantes. Além disso, tem também as cargas da Transnordestina, que chegarão ao porto. Que atenção e incentivo o governo federal dará ao terminal portuário para que este possa se munir de infraestrutura para todo esse aumento de demanda?
O complexo portuário de Pecém está contemplado no Portfólio de Ações e Investimentos, que é parte integrante do Plano Nacional de Logística Portuária. Ainda, conforme ressaltado anteriormente, o Plano busca a otimização da logística nacional e, dentre outros objetivos, visa tornar nossos produtos mais competitivos no mercado internacional.
Quais as perspectivas a médio e longo prazo para o porto? Ele poderá se tornar um ´hub port´ no Brasil, inclusive se beneficiando da abertura do Canal do Panamá?
A localização geográfica do Porto de Pecém o coloca em uma situação privilegiada no escoamento de cargas para os grandes mercados consumidores mundiais. Evidentemente, a ampliação do Canal do Panamá mudará o perfil dos navios que escalam a costa brasileira, o que deverá acarretar em adequações no Porto. Ressalte-se que as condições operacionais do porto o tornam forte candidato a receber grandes volumes de cargas que trafegam pelo Canal do Panamá.
Existe a expectativa de uma participação maior do porto na movimentação por meio de cabotagem? De que forma? Como isso impactaria nas operações do terminal?
De maneira geral, a participação da cabotagem na movimentação de carga geral no Terminal do Pecém tem crescido sistematicamente, tendo sido superior a 30% no ano de 2009. Em relação aos granéis líquidos, com exceção dos anos de 2007 e 2009, quando a movimentação foi exclusivamente de longo curso. A partir de 2003 a participação da cabotagem na movimentação de carga geral vem crescendo, passando de menos de 4% em 2003, com uma movimentação de 31 mil toneladas, para pouco mais de 30% no ano de 2009, quando movimentou 526 mil toneladas. No que diz respeito à movimentação de granéis líquidos, ressalta-se que apenas nos anos de 2007 e 2009 o terminal movimentou esse tipo de mercadoria via cabotagem.
Aposta no Cipp se confirmou como marco na economia
Para o então secretário estadual da Infraestrutura entre 1999 e 2002 e quem coordenou o processo de construção do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Maia Júnior, a convicção de que o equipamento "seria um marco para a economia local e regional" se confirmou nos últimos dez anos, quando o empreendimento tomou forma e se consolidou como tal.
"Ouço com frequência elogios de grandes corporações mundiais e de especialistas em logística no tocante ao Pecém. Todos admirados em saber como um estado sem grande parque industrial e à margem dos grandes centros econômicos do Brasil conseguiu consolidar um projeto tão arrojado e com tanta visão de futuro - algo para ser a base do desenvolvimento do Estado do Ceará nos próximos 50 anos ou mais", conta.
Maia Júnior ainda ressalta o diferencial proporcionado pelo empreendimento ante os outros estados da região e até do País, citando os "milhares de hectares destinados à instalação de indústrias, com píeres de atracação em água profundas, com garantia de acesso rodoviário, dotado de adução de água abundante via Canal da Integração, de redes de transmissão de energia e gás natural, de ramal ferroviário, além de sistemas de comunicação avançados".
Desafios e superações
No entanto, as dificuldades iniciais - agora superadas - também são mencionadas por ele, ao mencionar uma "incompreensão em relação ao projeto - talvez por falta de visão histórica do papel estruturante de um grande porto".
"Complicado mesmo era assistir críticas de pessoas cujos objetivos eram confundir a população e colher dividendos políticos - algumas das quais agora até se tornaram figuras carimbadas a cada lançamento de projetos no Pecém e acompanham alegremente comitivas de empresários em visita àquele Complexo industrial e Portuário", ressalta.
Pensando e no agora e no futuro, Maia Júnior ainda chama atenção aos profissionais - "técnicos competentes e operários abnegados" -, os quais, segundo acredita, "legaram para as próximas gerações de cearenses um empreendimento grandioso em termos de construção civil e no que diz respeito ao planejamento econômico".
SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER
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