terça-feira, 25 de setembro de 2012

Comprometimento e interesse dos profissionais a bordo começa a preocupar

Recebemos um e mail de um grande amigo e leitor do Portal, Oficial de Máquinas de primeira linha, que ocupa função de gerenciamento em terra e se vê a todo momento diante de situações onde a falta de comprometimento, qualificação técnica e muitas vezes até mesmo de maturidade por parte de colegas acabam por criar situações inexplicáveis. Vamos ao texto: 

“Desde que o mercado oferta x procura de oficiais mercantes passou a ficar desequilibrado, pendendo para os oficiais, muitos destes vem sendo beneficiados com um salário nem sempre condizente com sua experiência / capacidade profissional. Precisamos incentivar os oficiais a se especializarem mais (realizando mais cursos sem esperar pelas empresas, assim como é feito em todos os setores fora da Marinha Mercante), serem mais técnicos, mais profissionais e mais responsáveis. Hoje estou trabalhando em terra, numa grande empresa de apoio marítimo e a todo momento eu me deparo com situações onde companheiros, oficiais de Máquinas como eu, me solicitam suporte com a alegação de que “o MCP não parte” ou o “thruster não funciona”. Pois é… para um Oficial de Quarto que não consegue descrever uma falha, os testes que realizou e o problema que diagnosticou… tá pegando. Fica difícil para se dar um suporte de terra para solicitações como estas. Os que ainda arriscam a escrever, escrevem num português tão ruim que às vezes me pergunto qual a formação que estes profissionais tiveram antes e durante sua formação. Temos de chamar a atenção de todos para este problema. Somos vistos como profissionais que ganham muito sem muito conhecimento técnico. Não é um problema detectado com todos, mas sem dúvida alguma com a maioria. Por exemplo, um Oficial Superior de Máquinas não saber fazer uma ligação trifasica em um motor elétrico para uma bomba de resfriamento de um equipamento e solicitar firma externa para isso é algo inaceitável. Chega a ser, às vezes, até vergonhoso para nós que estamos em terra tentando dar um suporte para os colegas que estão embarcados. E como justificar isto para a Diretoira da empresa? E a respeito dos oficiais que desguarnecem seus postos de serviço quando uma embarcação está operando em DP ao lado de uma plataforma??? Se acontece a falha do equipamento… O que acontecerá depois? Vamos ter que justificar mais um acidente responsabilizando o equipamento que falhou? E o profissional que deveria estar monitorando seu funcionamento e que, no caso de uma falha deste, devesse intervir imediatamente na sua operação a fim de evitar ou minimizar o dano a vida humana, meio ambiente e/ou patrimônio? Temos que chamar a atenção de todos de maneira que os incentive a buscarem mais treinamentos e qualificações, fazendo jus ao salário que acaba sempre sendo questionado, uma vez que explicar para a alta administração da empresa que os profissionais que são pagos para fazer o que tem que fazer não estão fazendo é extremamente difícil. Hoje as empresas contratam qualquer um somente para cumprir o CTS, face a escassez de profissionais, porém estamos tendo uma queda gritante na qualidade destes profissionais. Temos que motivar a nossa classe a se aperfeiçoar a fim de que o Brasil, no futuro, possa exportar profissionais de alta qualidade!! Se não… o pré-sal também será dos estrangeiros…” Nota do editor - O e mail do colega me preocupou e tenho certeza que muitos aqui se deparam com isso no dia a dia. A situação é realmente preocupante e acredito que cabe a nós, marítimos, buscarmos as melhores qualificações e treinamentos técnicos, não esperando pelas empresas, não somente pela imagem de nossa profissão, mas também por nossa própria imagem como profissionais. Por Rodrigo Cintra

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